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A História da Cocada: Um Patrimônio Afro-Brasileiro

A cocada é mais do que um simples doce. Em 2025, ela permanece como um dos símbolos mais autênticos da herança afro-brasileira e da riqueza cultural da culinária nacional.

Originária da Bahia, a cocada nasceu da criatividade e resistência dos africanos escravizados que chegaram ao Brasil durante o período colonial.

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Diante das limitações e da escassez, encontraram no coco – fruta tropical abundante na região – uma matéria-prima essencial para criar um doce saboroso, nutritivo e acessível.

A base da cocada tradicional é incrivelmente simples: coco fresco ralado, açúcar e água.

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No entanto, por trás dessa simplicidade existe uma narrativa histórica de ancestralidade, união comunitária e celebração.

Durante as noites de descanso ou festas realizadas nos quilombos e senzalas, era comum o preparo da cocada, momento de confraternização e conexão com as raízes culturais.

Influência Cultural e Popularização do Doce

Com o passar das décadas, a cocada extrapolou os limites do Recôncavo Baiano.

Espalhou-se por todo o território brasileiro, ganhando o coração de milhares de pessoas e sendo vendida em feiras, praias, mercados municipais e até em confeitarias sofisticadas.

Seu sabor rústico e caseiro continua a ser motivo de nostalgia para muitos brasileiros.

Segundo relatos contemporâneos da chef e confeiteira Andreia Gazoli, cujo trabalho tem como foco principal os doces típicos nacionais, a cocada é um verdadeiro elo entre gerações.

Filha de baianos, Andreia cresceu ouvindo histórias sobre como sua mãe usava a venda de cocadas como fonte de sustento ao chegar em São Paulo.

Para ela, cada receita carrega memórias afetivas e saberes transmitidos oralmente.

As Múltiplas Versões da Cocada em 2025

Com o avanço da culinária brasileira e a disseminação de influências regionais, a cocada também passou por transformações.

A receita original ainda é amplamente respeitada, mas há diversas variações que se adaptam aos gostos contemporâneos.

Entre as versões mais populares em 2025, destacam-se:

  • Cocada com leite condensado: mais cremosa e adocicada, ideal para quem gosta de um sabor mais intenso.
  • Cocada com maracujá ou abacaxi: uma fusão de sabores que equilibra o doce do coco com a acidez das frutas.
  • Cocada de amendoim ou castanhas: adiciona crocância e um toque levemente salgado.
  • Cocada preta (ou queimada): preparada com açúcar caramelizado, tem coloração mais escura e sabor mais robusto.
  • Cocada de forno: assada para ficar crocante por fora e macia por dentro.

Em 2025, receitas veganas e com adoçantes naturais também se tornaram populares, refletindo uma maior preocupação com saúde e restrições alimentares.

Receita Atualizada de Cocada Tradicional por Andreia Gazoli

A seguir, você confere o passo a passo detalhado da cocada tradicional, ensinada por Andreia Gazoli.

Essa versão mantém viva a receita ancestral que tantas gerações ajudaram a perpetuar.

Ingredientes

  • 500g de coco fresco ralado (não substitua por industrializado, para manter o sabor original)
  • 1 ½ xícara de açúcar refinado
  • 1 xícara de água filtrada

Modo de Preparo

  1. Preparar a calda:
  2. Em uma panela de fundo grosso, adicione o açúcar e a água. Misture delicadamente apenas até o açúcar se dissolver por completo.
  3. Ferver a calda:
  4. Leve ao fogo médio, sem mexer. Observe atentamente até que a mistura atinja o ponto de fio – esse ponto é alcançado quando, ao levantar a calda com um garfo, forma-se um fio fino e contínuo.
  5. Incorporar o coco:
  6. Com a calda pronta, acrescente o coco ralado fresco e comece a mexer com uma colher de pau. O coco soltará um pouco de líquido, mas é importante continuar mexendo até que a mistura fique seca e desgrude do fundo da panela.
  7. Modelar as cocadas:
  8. Com o fogo já desligado, utilize duas colheres ou uma colher e as mãos (com cuidado) para modelar as cocadas em porções arredondadas ou em formato de pequenos discos.
  9. Resfriar e servir:
  10. Deixe as cocadas repousarem em uma superfície lisa e fria por cerca de 1h30. Após esse tempo, estarão prontas para serem saboreadas.
Dicas Adicionais para um Resultado Perfeito
💡 Dica Detalhes
🥥 Use coco fresco O coco fresco oferece textura mais macia e sabor natural. Evite versões industrializadas que têm menos umidade e podem comprometer o resultado.
🍯 Não mexa a calda em excesso Ao atingir o ponto de fio, evite mexer continuamente para não provocar a cristalização precoce do açúcar.
🍳 Panela de fundo grosso Utilizar uma panela com fundo reforçado ajuda a distribuir o calor uniformemente e evita que a calda queime.
📦 Armazenamento ideal Guarde as cocadas em potes bem vedados por até 5 dias fora da geladeira. Para versões mais úmidas, prefira conservar em ambiente refrigerado.

Cocada em Festas e Eventos em 2025

A cocada continua sendo uma estrela nos eventos juninos, aniversários temáticos e festas afro-brasileiras.

Em 2025, chefs têm inovado ao oferecer cocadas gourmet com recheios de ganache, frutas secas ou cobertura de chocolate meio amargo.

Algumas docerias artesanais também vendem kits com cocadas personalizadas para presentes, casamentos e até eventos corporativos.

Além disso, o doce passou a ser tema de oficinas culinárias para crianças e adultos, que resgatam o valor do preparo manual e da culinária afetiva como forma de lazer e conexão familiar.

Aspectos Nutricionais da Cocada

Embora seja um doce calórico, a cocada feita com ingredientes naturais apresenta benefícios quando consumida com moderação.

O coco é uma excelente fonte de fibras, minerais como potássio e magnésio, além de conter gorduras boas (ácido láurico) que auxiliam na saúde cardiovascular.

Em versões sem leite condensado, a cocada pode até ser uma alternativa de sobremesa para dietas com baixo teor de lactose.

Conclusão: A Cocada é Muito Mais do que um Doce (versão expandida)

Em 2025, a cocada continua a se firmar como um verdadeiro símbolo da identidade brasileira.

Muito além de um simples doce feito com coco e açúcar, ela representa uma herança cultural construída com base na resistência, na criatividade e no afeto dos povos africanos escravizados que contribuíram significativamente para a formação da nossa culinária.

Seu sabor autêntico, sua origem ancestral e sua incrível versatilidade fazem da cocada uma iguaria que atravessa gerações sem perder relevância ou valor simbólico.

Preparar cocada em casa, portanto, é mais do que um gesto gastronômico.

É um resgate de memórias afetivas, um tributo à história de milhares de brasileiros e uma forma poderosa de manter vivas as raízes de uma culinária rica, plural e profundamente ligada à nossa essência.

Mesmo com as inovações da gastronomia moderna, a cocada tradicional permanece insubstituível em seu valor afetivo e histórico.

Convidamos você a experimentar a receita tradicional, explorar novas variações com ingredientes saudáveis e criativos, e compartilhar esse momento com quem você ama.

Ao fazer isso, você ajuda a manter viva uma tradição que alimenta não apenas o corpo, mas também a alma.

Afinal, preservar nossas receitas é, também, preservar quem somos.

Autor

  • Lara Barbosa é graduada em Jornalismo, com experiência em edição e gestão de portais de notícias. Sua abordagem mescla pesquisa acadêmica e linguagem acessível, tornando temas complexos em materiais didáticos e atraentes para o público geral.